segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A balança da pequena merceeira e os clientes judeus


Quando entraram eu estranhei. Andava atarefada, para trás e para diante, ainda a arrumar a loja, depois do fim de semana agitado da Feira.
Fiquei surpreendida porque vestiam os dois roupa escura, chapéu característico, corte de cabelo característico, e barba. Falavam uma língua indecifrável misturada com um simpático inglês e ainda italiano.
Eram judeus e eu não os devia estranhar, porque esta é uma região de tradição judaica, como atestam as tradições e a sinagoga da vila de Castelo de Vide, as cabeceiras de túmulo do Museu de Marvão ou as ombreiras das portas de Alpalhão.
Mas estranhei porque não é habitual, assim tão visivelmente a rigor, confesso.
Compraram um Guia de Marvão. Depois, ainda, um saco de avelãs. Ao darem a volta à loja, foram encontrar a balança de brincar que eu tenho guardada numa prateleira, para quando a pequena merceeeira me vem "ajudar", nas tardes do fim de semana.
- Is it for sale?
- No, I'm sorry, it's my daughters toy, When she comes to help me here in the store.
- How old is your daugther?
- I have a girl with 8, a boy with 4 and another boy with 2.
Sorriu e disse:
- You must be happy
E foram-se embora, depois do cumprimento de despedida
E a verdade é que sou. Por isso, e por tanto mais.

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